segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Mentiras


A mentira tem perna curta. Errado. A perna é enorme. Quanto mais se mente, maior a perna. E como o único modo de sustentar a mentira é mentindo cada vez mais, o número de pernas aumenta. Surgem verdadeiras mentiras polvo.

Oito pernas é pouco. São verdadeiras centopeias com pernas enormes. Talvez o melhor seja imaginar um híbrido, uma centopeia com cem pernas de polvo.

Coordenar a passada de cem pernas é extremamente difícil. Como evitar que uma se enrosque na outra? Como manter a cadência do caminhar? É difícil, pra não dizer impossível. Somente a centopeia de verdade consegue, mas apenas tem êxito por ser criação divina. Os humanos jamais.

Há quem minta pra conquistar. Uns pra esconder. Há aqueles que querem fugir da monotonia e aqueles que o fazem pelo simples prazer de enganar. Outros acham que somente podem conseguir o que querem por intermédio da mentira. Finalmente há os que querem esquecer. Mentem para apagar os males que a vida lhes trouxe

As conquistas obtidas pela mentira são fugazes, pois “quem sobe se arrastando perde, na indecência do gesto, o direito às alturas”. Os que mentem pra esconder vivem com o medo de serem descobertos. Passam a vida inteira em vigília, imaginando em palavras ou olhares indícios de terem sido descobertos.

Os que querem fugir da monotonia não percebem como são ingênuos. Uma mentira muitas vezes repetida não se torna verdade. Vivem uma ilusão e sofrem internamente por isso. Usam o que não fizeram como pretexto para nada fazerem.

Os que sentem prazer em enganar são doentes. A mentira não é apenas uma verdade que se esqueceu de acontecer. É mais do que isso. Corrói a alma de quem engana e do enganado. Deixa um rastro de dor por onde passa.

É necessário quebrar o ciclo com a verdade. Primeiro dizendo as verdades mais difíceis, aquelas que escandalizam. O mais difícil sempre deve vir primeiro. Depois dessa barreira tudo fica fácil e passa a ser possível viver na verdade diariamente. Somente vivenciando a verdade é que se pode andar com a cabeça ereta. O caminhar pode ser árduo, mas as conquistas serão duradouras e trarão a marca da liberdade.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Desabafo!

Eu demorei para entender. Demorei tanto para pereceber o óbvio. Para notar que eu sempre estive sozinha.  E que o mais triste não é se sentir sozinha estando sem ninguém. O pior é perceber que se estava sozinha junto com alguém. Sozinha junto é muito mais doloroso do que sozinha separado. Porque você imagina que deveria ter alguém ali, do lado te entendendo, se esta do lado, era pra confiar... Querer, se encantar.. Mas na verdade você nota que só você que entende, só você quem quer, so você quem procura. E eu olho em volta e é como se aquilo tudo que todo mundo vive, não é para mim. Aquilo de mãos dadas, e compreensão, e anos de cumplicidade, simplesmente não é para ser meu. Simples assim. E eu vou afundando no meu mundinho de livros, e músicas e esmaltes... E escritas... Parece que e errado eu querer o que quero, era pra esperar alguem querer como sempre foi. Mas ai, me disponho a isso e ... Poxa! Fico afogada num mundo de infelicidade, ou de felicidade muito momentanea, pouco concreta... E vou me distraindo com o que tem para hoje. Uma novela ali, uma série acolá, uma lambida do cachorro. Ligo, vou atras, insisto e acabo ganhando, pelo cansaço...i E tudo isso deveria ser suficiente. Deveria preencher esse vazio enorme que parece não ter fim. Mas não preenche. E o buraco vai ficando cada vez maior e mais profundo e deprimente. E não há livros, músicas e esmaltes que dê jeito. Nem a lambida do cachorro. E quanto pior eu fico, mais me sinto mal agradecida por reclamar tanto de barriga cheia, como diria minha mãe. Mas a barriga nunca parece estar cheia. Por mais que eu tente empurrar tudo que vem guela abaixo. E será que por não estar cheia, eu posso então reclamar sem culpa? Provavelmente não. E eu tenho que conviver com o vazio, com as pessoas felizes ao meu redor que parece que conseguiram tudo aquilo que eu não consegui. E sempre tem alguém para me dizer que tudo vai ficar bem, que tudo vai dar certo, que é assim mesmo, mas tudo passa, não se preocupe... E eu não quero mais ouvir nada. Não quero mais consolos vazios. Frases pré-fabricadas para pessoas que não sabem lidar com esse mar de solidão como eu. Não quero mais escutar conselhos que eu tento seguir desde de sempre e que nunca me deram nada de volta. Não quero mais me sentir a reclamona chata. E talvez seja melhor guardar meus lamentos para mim mesma. Minha vida deslocada, sempre tão deslocada. Sempre parecendo tão decidida e objetiva, mas no fundo completamente perdida e frustrada. E eu penso, penso tanto em tantas coisas, que parece que a minha cabeça vai explodir de tantas idéias. E eu já não sei mais o que fazer. Já não sei mais a quem ou a o que recorrer. O vazio está levando tudo, como um buraco negro que varre tudo para dentro dele e não há nada que se possa fazer. Só esperar. Esperar que um dia tudo passe de verdade. E as coisas comecem a fazer o mínimo de sentido.
Porque eu so quero mãos dadas.. Quero sentir que existe vontade... Eu so quero o tradicional, o normal.. Porque foi assim que aprendi a ser.